Abençoados pelo tempo
Saímos do Porto sob chuva intensa, estávamos a apostar um pouco no escuro, as previsões metereológicas chegavam a ser contraditórias e já íamos mentalizados, no mínimo, para uns aguaceiros. Os primeiros Km´s revelavam que a norte o céu estava limpo.
Chegamos as Caldas do Gêres pelas 9h30 e deparamos com um céu lindo e sem nuvens. Iniciamos a subida para o Mourô ainda um pouco desconfiados e sempre muito atentos as nuvens. Estava muito frio e à medida que íamos subindo foi necessário recorrer as luvas e ao gorro devido ao vento de Norte que, soprando forte, fazia descer a temperatura de forma considerável. Já no Mourô era possível ter uma perspectiva mais objectiva sobre a possibilidade de chuva ou não. As nuvens vinham de norte, decididas e com rapidez, algumas bem escuras e ameaçadoras. A serra Amarela começava a ser engolida por nuvens baixas e achamos que nos ia acontecer o mesmo, não teríamos céu limpo no Borrageiro que nos permitisse olhar em nosso redor e admirar uma vista que ainda não tínhamos presenciado.
Seguimos então de uma forma mais decidida para ver se conseguíamos subir os 1430 mts do Borrageiro antes de este ser “tapado” pela nuvens e assim evitar alguma chuva que dai resultaria. Conseguimos lá chegar com o céu limpo e pudemos testemunhar a beleza granítica de todo o maciço central do Gêres. O vento estava fortíssimo e não nos deixou permanecer no topo muito tempo.
Descemos então para procurar um local para almoço. Tínhamos definido que iríamos almoçar ao prado de Ovos e assim foi, começamos a descida pelo lado Sudeste e um pouco mais relaxados em relação à chuva.
Na descida fomo-nos apercebendo de um factor moralizante para o resto do dia, o céu estava nublado excepto toda a zona do Geres, formando um enorme e abençoado circulo azul que nos ia mantendo a salvo da chuva. Pouco depois já estávamos no prado de Ovos, um prado muito bonito enquadrado pela Rocalva e pela Roca Negra, formando um pequeno vale a 1200 mts de altura. O abrigo estava impecavelmente limpo e bem tratado, parecendo até uma pequena casa de férias perdido algures entre o granito. Após o almoço seguimos em direcção a Norte de forma a podermos chegar ao Conho e ai iniciar o regresso pela Lomba do Pau. Alguma pausas pelo meio e estávamos de regresso aos carros.
Pelo caminho ainda tivemos oportunidade de observar alguns Teixos (Taxus Baccata), uma árvore muito bonita e que na maior parte das vezes se confunde com um vulgar pinheiro. Desta vez íamos atentos e não nos deixamos confundir, pois já tínhamos ouvido falar delas e queríamos vê-las no seu habitat. De salientar que todas as partes verdes desta árvore são tóxicas, portanto perigosas tanto para os animais como para o Homem o que não invalida que essas toxinas sejam muito utilizadas para o tratamento do cancro.
Esta caminhada teve varias particularidades, frio, vento, maquinas fotográficas avariados e sem bateria. Teve também a componente imaginária de novas aventuras neste lado Este. Regressaremos de certeza…
Colocaremos as fotos brevemente, mas como quem sabe de fotografia não foi, não esperem muito...