REGRESSO
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! Minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
Miguel Torga
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5 comentários:
"Os gregos, na sua relaçao com a natureza, nao descreviam florestas ou montanhas; adoravam-nas e nelas construiam templos".
"Et in Arcadia ego"
E.Waugh
..ou seja, faziam parte "dela". É isso que dizes ? Concordo, mas o que quis transmitir neste excerto do Torga é a indescritivel sensação de retorno, ser acolhido... São duas dimensões diferentes, o fazer parte e o usufruir, partir e regressar! O regresso as origens, sentir que também se é parte da Natureza, ou não fossemos nós a sua mais complexa criação!
Duas vontades, é o que do exerto retiro... primeira, voltar ao Gerês, à Serra, à Natureza .... segunda, ler Miguel Torga :-)
http://estarolas.planetaclix.pt
http://umpardebotas.blogs.sapo.pt
Como eu compreendo o Torga e como ele fala do que nós sentimos,não é? Porque eu também "regresso às fragas de onde me tiraram" para rever o "meu velho paraíso". E a felicidade outrora sentida no Marão retorna a cada caminhada que faça, seja em que serra for. A felicidade, as gargalhadas, a liberdade, o convívio sem regras-de-pôr-a-mesa.
http://www.viajarcom.org/miguel_torga/main.htm
Para quem estiver interessado na vida e obra de "Miguel Torga"
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